Mel de abelha

Através dos tempos, o mel sempre foi considerado um produto especial, utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos. Evidências de seu uso pelo ser humano aparecem desde a Pré-história, com inúmeras referências em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo Egito, Grécia e Roma.
A utilização do mel na nutrição humana não deveria limitar-se apenas a sua característica adoçante, como excelente substituto do açúcar, mas principalmente por ser um alimento de alta qualidade, rico em energia e inúmeras outras substâncias benéficas ao equilíbrio dos processos biológicos de nosso corpo.
Embora o mel seja um alimento de alta qualidade, apenas o seu consumo, mesmo em grandes quantidades, não é suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais
Além de sua qualidade como alimento, esse produto único é dotado de inúmeras propriedades terapêuticas, sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associações como fitoterápicos.

Definição e origem

O mel é a substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir do néctar das flores e/ou exsudatos sacarínicos que as abelhas melíficas produzem.
Seu aroma, paladar, coloração, viscosidade e propriedades medicinais estão diretamente relacionados com a fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu.

O néctar é transportado para a colmeia, onde irá sofrer mudanças em sua concentração e composição química, para então ser armazenado nos alvéolos. Entretanto, mesmo durante o seu transporte para a colméia, secreções de várias glândulas, principalmente das glândulas hipofaringeanas, são acrescentadas, introduzindo ao material original enzimas como a invertase (a -glicosidase), diastase (a e ß amilase), glicose oxidase, catalase e fosfatase.

Composição

Apesar de o mel ser basicamente uma solução saturada de açúcares e água, seus outros componentes, aliados às características da fonte floral que o originou, conferem-lhe um alto grau de complexidade.
Segundo Campos (1987), a composição média do mel, em termos esquemáticos, pode ser resumida em três componentes principais: açúcares, água e diversos. Por detrás dessa aparente simplicidade, esconde-se um dos produtos biológicos mais complexos

Açúcares

Os principais componentes do mel são os açúcares, sendo que os monossacarídeos frutose e glicose representam 80% da quantidade total (White, 1975). Já os dissacarídeos sacarose e maltose somam 10%.
White & Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel, açúcares incomuns como a isomaltose, nigerose, leucarose e turanose.
A alta concentração de diferentes tipos de açúcar é responsável pelas diversas propriedades físicas do mel, tais como: viscosidade, densidade, higroscopicidade, capacidade de granulação (cristalização) e valores calóricos (Campos, 1987).
Além dos açúcares, a água presente no mel tem papel importante na sua qualidade e características.

Água

O conteúdo de água no mel é uma das características mais importantes, influenciando diretamente na sua viscosidade, peso específico, maturidade, cristalização, sabor, conservação e palatabilidade.
A água presente no mel apresenta forte interação com as moléculas dos açúcares, deixando poucas moléculas de água disponíveis para os microorganismos (Veríssimo, 1987).
O conteúdo de água do mel pode variar de 15% a 21%, sendo normalmente encontrados níveis de 17% (Mendes & Coelho, 1983). Apesar de a legislação brasileira permitir um valor máximo de 20%, valores acima de 18% já podem comprometer sua qualidade final. Entretanto, níveis bem acima desses valores já foram encontrados por diversos pesquisadores em diferentes tipos de mel (Cortopassi-Laurino & Gelli, 1991; Costa et al., 1989; Azeredo & Azeredo 1999; Sodré, 2000; Marchini, 2001).
Em condições especiais de níveis elevados de umidade, o mel pode fermentar pela ação de leveduras osmofilíticas (tolerantes ao açúcar) presentes também em sua composição. Segundo Crane (1987), a maior possibilidade de fermentação do mel está ligada ao maior teor de umidade e leveduras.
O processo de fermentação pode ocorrer mais facilmente naqueles méis chamados "verdes", ou seja, méis que são colhidos de favos que não tiveram seus alvéolos devidamente operculados pelas abelhas; nessa situação, o mel apresenta teor elevado de água. Entretanto, mesmo o mel operculado pode ter níveis acima de 18% de água, caso o apiário esteja localizado em região com umidade relativa do ar superior a 60%.
Outros fatores associados ao processo de fermentação estão relacionados com a má assepsia durante a extração, manipulação, envase e acondicionamento em local não-apropriado (Faria, 1983).
A própria centrifugação pode contribuir negativamente na qualidade do mel. A centrífuga pulveriza o mel em micro partículas, favorecendo a absorção de água pela formação de uma grande superfície em relação ao volume. Se esse processo ocorrer em local com umidade relativa alta, o mel pode ter seu teor de água aumentado. O ideal seria que o local fosse equipado com desumidificador.

Enzimas

Segundo Crane (1987), a adição de enzimas pelas abelhas ao néctar irá causar mudanças químicas, que irão aumentar a quantidade de açúcar, o que não seria possível sem essa ação enzimática.
A enzima invertase adicionada pelas abelhas transforma 3/4 da sacarose inicial do néctar coletado nos açúcares invertidos glicose e frutose, ao mesmo tempo, que açúcares superiores são sintetizados, não sendo presentes no material vegetal original. Sua ação é contínua até que o "amadurecimento" total do mel ocorra.
Dessa forma, pode-se definir o amadurecimento do mel como a inversão da sacarose do néctar pela enzima invertase e sua simultânea mudança de concentração.
A enzima invertase irá permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo, a menos que seja inativada pelo aquecimento; mesmo assim, o conteúdo da sacarose do mel nunca chega a zero. Essa inversão de sacarose em glicose e frutose produz uma solução mais concentrada de açúcares, aumentando a resistência desse material à deterioração por fermentação e promovendo assim o armazenamento de um alimento altamente energético em um espaço mínimo.
Outras diversas enzimas, como a diastase, catalase, alfa-glicosidase, peroxidase, lipase, amilase, fosfatase ácida e inulase, já foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz & Subers, 1966; White & Kushinir, 1967; Huidobro et al., 1995).
A diastase quebra o amido, sendo sua função na fisiologia da abelha ainda não claramente compreendida, podendo estar envolvida com a digestão do pólen.
Como a diastase apresenta alto grau de instabilidade em frente às temperaturas elevadas, sua presença ou não se faz importante na tentativa de detectar possíveis aquecimentos do mel comercialmente vendido, apesar de que também em temperaturas ambientes ela pode vir a deteriorar-se quando o armazenamento for prolongado.
A catalase e a fosfatase são enzimas que facilitam a associação açúcar-álcool, sendo um dos fatores que auxiliam na desintoxicação alcoólica pelo mel (Serrano et al., 1994). Entretanto, segundo Weston (2000), a catalase presente no mel se origina do pólen da flor e sua quantidade no mel depende da fonte floral e da quantidade de pólen coletado pelas abelhas.
A glicose-oxidase, que em soluções diluídas é mais ativa (White, 1975), reage com a glicose formando ácido glucônico (principal composto ácido do mel) e peróxido de hidrogênio, esse último capaz de proteger o mel contra a decomposição bacteriana até que seu conteúdo de açúcares esteja alto o suficiente para fazê-lo ( Schepartz et al., 1966; Mendes & Coelho, 1983).
Segundo White et al. (1963), a principal substância antibacteriana do mel é o peróxido de hidrogênio, cuja quantidade presente no mel é dependente tanto dos níveis de glicose-oxidase, quanto de catalase, uma vez que a catalase destrói o peróxido de hidrogênio (Weston et al., 2000).

Proteínas

Em concentrações bem menores, encontram-se as proteínas ocorrendo apenas em traços. A proteína do mel tem duas origens, vegetal e animal.
Sua origem vegetal advém do néctar e do pólen; já sua origem animal é proveniente da própria abelha (White et al., 1978). No segundo caso, trata-se de constituintes das secreções das glândulas salivares, juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do néctar ou da maturação do mel (Campos, 1987).
Wootton et al. (1976) constataram em seis amostras de mel australianas os seguintes aminoácidos livres: leucina, isoleucina, histidina, metionina, alanina, fenilalanina, glicina, ácido aspártico, treonina, serina, ácido glutâmico, prolina, valina, cisteína, tirosina, lisina e arginina.
Dentre esses aminoácidos, a prolina, proveniente das secreções salivares das abelhas, é o que apresenta os maiores valores, variando entre 0,2% e 2,8%. Juntamente com o conteúdo de água, sua concentração é usada como um parâmetro de identificação da "maturidade" do mel (Costa et al., 1999). Segundo Von Der Ohe, Dustmann & Von Der Ohe (1991), é necessário pelo menos 200 mg de prolina/kg de mel.

Ácidos

Os ácidos orgânicos do mel representam menos que 0,5% dos sólidos, tendo um pronunciado efeito no flavor, podendo ser responsáveis, em parte, pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos. Na literatura, pelo menos 18 ácidos orgânicos do mel já foram citados. Sabe-se que o ácido glucônico está presente em maior quantidade, cuja presença relaciona-se com as reações enzimáticas que ocorrem durante o processo de amadurecimento. Já em menor quantidade, podem-se encontrar outros ácidos como: acético, butírico, lático, oxálico, fórmico, málico, succínico, pirúvico, glicólico, cítrico, butiricolático, tartárico, maléico, piroglutâmico, alfa-cetoglutárico, 2- ou 3-fosfoglicérico, alfa- ou beta-glicerofosfato e vínico (Strison et al., 1960; White, 1975; Mendes & Coelho, 1983).
Tan et al. (1988) constataram alguns ácidos aromáticos no mel unifloral de manuka (Leptopermum scoparium) que não estavam presentes no néctar de suas flores.
Os méis de manuka e de viperina (Echium vulgare), apresentam alta atividade antimicrobiana, podendo essa atividade estar relacionada com a presença de alguns tipos de ácido (Wilkins et al., 1993-95).

Minerais

Os minerais estão presentes numa concentração que varia de 0,02% a valores próximos de 1%. White (1975) constatou valores de 0,15% a 0,25% do peso total do mel.
Entre os elementos químicos inorgânicos encontrados no mel, podem-se citar: cálcio, cloro, cobre, ferro, manganês, magnésio, fósforo, boro, potássio, silício, sódio, enxofre, zinco, nitrogênio, iodo, rádio, estanho, ósmio, alumínio, titânio e chumbo (White, 1975; Pamplona, 1989). Na tabela 7 pode ser verificado o conteúdo de minerais no mel de acordo com sua cor e a recomendação de ingestão diária para o homem.
Embora em concentrações ínfimas, vitaminas, tais como: B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9, C e D também são encontradas no mel, sendo facilmente assimiláveis pela associação a outras substâncias como o hidrato de carbono, sais minerais, oligoelementos, ácidos orgânicos e outros. A filtração do mel para fim comercial pode reduzir seu conteúdo de vitaminas, exceto a de vitamina K (Haydak et al., 1943). Segundo Kitzes et al. (1943), tal filtração retira do mel o pólen, responsável pela presença de vitaminas no mel.

Outros

Os componentes menores do mel, como os materiais "flavorizantes" (aldeídos e álcoois), pigmentos, ácidos e minerais, influenciam consideravelmente nas diferenças entre tipos de mel. Sabatier et al. (1992) detectaram alguns flavonóides presentes no mel de girassol (conhecidamente rico em flavonóides). Em maiores concentrações, foram encontrados os seguintes flavonóides: pinocembrina (5,7-dihidroxiflavona), pinobanksina (3,5,7-trihidroxiflavonona), crisina (5,7-dihidroxiflavona), galangina (3,5,7-trihidroxiflavona) e quercetina (3,5,7,3’,4’-pentahidroxiflavona). Em menores concentrações: tectocrisina (5-hidroxi-7metoxiflavona) e quenferol (3,5,7,4’-tetrahidroxiflavona). Bogdanov (1989) usando HPLC constatou a presença de pinocembrina em quatro amostras de mel (duas de origem floral e duas de origem não-floral, o chamado "honeydew").
Propriedades terapêuticas
Esse item tem a finalidade de informar sobre as diversas pesquisas que já foram e que vêm sendo desenvolvidas a respeito da utilização do mel com fins terapêuticos. Entretanto, qualquer produto ou substância que seja utilizada para fins curativos deve ter o devido consentimento médico.
A utilização dos produtos das abelhas com fins terapêuticos é denominada APITERAPIA, que vem-se desenvolvendo consideravelmente nos últimos anos, com a realização de inúmeros trabalhos científicos, cujos efeitos benéficos à saúde humana têm sido considerados por um número cada vez maior de profissionais da saúde. Países como a Alemanha já a adotaram como prática oficial na sua rede pública de saúde.
Especificamente ao mel, atribuem-se várias propriedades medicinais, além de sua qualidade como alimento. Apesar de o homem fazer uso do mel para fins terapêuticos desde tempos remotos, sua utilização como um alimento único, de características especiais, deveria ser o principal atrativo para o seu consumo.
Infelizmente, a população brasileira, de maneira geral, não o encara dessa forma, considerando-o mais como um medicamento do que como alimento, passando a consumi-lo apenas nas épocas mais frias do ano, quando ocorre um aumento de casos patológicos relacionados aos problemas respiratórios. No Brasil seu consumo como alimento ainda é muito baixo (aproximadamente 300 g/habitante/ano), principalmente ao se comprar com países como os Estados Unidos e os da Comunidade Européia e África, que podem chegar a mais de 1kg/ano por habitante.
Dentre as inúmeras propriedades medicinais atribuídas ao mel pela medicina popular e que vêm sendo comprovadas por inúmeros trabalhos científicos, sua atividade antimicrobiana talvez seja seu efeito medicinal mais ativo (Sato et al., 2000), sendo que não apenas um fator, mas vários fatores e suas interações são os responsáveis por tal atividade.
Segundo Adcock (1962), Molan (1992) e Wahdan (1998), os responsáveis por essa habilidade antimicrobiana são os fatores físicos, como sua alta osmolaridade e acidez, e os fatores químicos relacionados com a presença de substâncias inibidoras, como o peróxido de hidrogênio, e substâncias voláteis, como os flavonóides e ácidos fenólicos.
De maneira geral, destinam-se ao mel inúmeros efeitos benéficos em várias condições patológicas.
Propriedades antissépticas, antibacterianas também são atribuídas ao mel, fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na área terapêutica em diversos tratamentos profiláticos (Stonoga & Freitas, 1991).
Sua propriedade antibacteriana já foi amplamente confirmada em diversos trabalhos científicos (Adcock, 1962; White & Subers, 1963; White, Subers & Schepartz, 1966; Smith et al., 1969; Dustmann, 1979; Molan et al., 1988; Allen et al., 1991; Cortopassi-Laurino & Gelly, 1991), como também sua ação fungicida (Efem et al., 1992), cicatrizante (Bergman et al., 1983 e Efem, 1988; Green, 1988 e Gupta et al., 1993) e promotora da epitelização das extremidades de feridas (Efem, 1988).
Popularmente, ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianêmica, emoliente, antiputrefante, digestiva, laxativa e diurética (Veríssimo, 1987).
Atualmente alguns países, como a França e a Itália já vêm objetivando a produção de mel com propostas terapêuticas específicas, como nos tratamentos de úlceras e problemas respiratórios (Yaniv & Rudich, 1996).
Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inúmeras propriedades curativas, sendo muitas delas já comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro, a sua utilização para fins terapêuticos deve ser indicada e acompanhada por profissionais da saúde, não cabendo qualquer substituição de medicamentos sem o devido aval médico.

Abelha africanizada

A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata.A variabilidade genética dessas abelhas é muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas européias no Sul do País, enquanto ao Norte predominam as características das abelhas africanas.A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior adaptabilidade dessa raça às condições climáticas do País. Muito agressivas, porém, menos que as africanas, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerância a doenças e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho em temperaturas baixas, enquanto as européias se recolhem nessas épocas.

Apis mellifera scutellata (abelha africana)

Originárias do Leste da África, são mais produtivas e muito mais agressivas.
São menores e constroem alvéolos de operárias menores que as abelhas européias. Sendo assim, suas operárias possuem um ciclo de desenvolvimento precoce (18,5 a 19 dias) em relação às européias (21 dias), o que lhe confere vantagem na produção e na tolerância ao ácaro do gênero Varroa.
Possuem visão mais aguçada, resposta mais rápida e eficaz ao feromônio de alarme. Os ataques são, geralmente, em massa, persistentes e sucessivos, podendo estimular a agressividade de operárias de colmeias vizinhas.
Ao contrário das européias que armazenam muito alimento, elas convertem o alimento rapidamente em cria, aumentando a população e liberando vários enxames reprodutivos.
Migram facilmente se a competição for alta ou se as condições ambientais não forem favoráveis.
Essas características têm uma variabilidade genética muito grande e são influenciadas por fatores ambientais internos e externos.

Apis mellifera carnica (abelha carnica)

Originárias do Sudeste dos Alpes da Áustria, Nordeste da Iugoslávia e Vale do Danúbio.
Assemelham-se muito com a abelha negra, tendo o abdome cinza ou marrom.
Pouco propolisadoras, mansas, tolerantes a doenças e bastante produtivas.
Coletam "honeydew" em abundância.
São facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendência maior a enxamearem.

Apis mellifera caucasica


Originárias do Vale do Cáucaso, na Rússia.
Possuem coloração cinza-escura, com um aspecto azulado, pêlos curtos e língua comprida (pode chegar a 7 mm).
Considerada a raça mais mansa e bastante produtiva.
Enxameiam com facilidade e usam muita própolis.
Sensíveis à Nosema apis.

Apis mellifera ligustica (abelha italiana)

Originárias da Itália.
Essas abelhas têm coloração amarela intensa; produtivas e muito mansas, são as abelhas mais populares entre apicultores de todo o mundo.
Apesar de serem menores que as A. m. mellifera, têm a língua mais comprida (6,3 a 6,6 mm).
Possuem sentido de orientação fraco, por isso, entram nas colmeias erradas freqüentemente.
Constroem favos rapidamente e são mais propensas ao saque do que abelhas de outras raças européias.

Apis mellifera mellifera (abelha real, alemã, comum ou negra)

Originárias do Norte da Europa e Centro-oeste da Russia, provavelmente estendendo-se até a Península Ibérica.
Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas.
Possuem língua curta (5,7 a 6,4 mm), o que dificulta o trabalho em flores profundas.
Nervosas e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado.
Produtivas e prolíferas, adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes.
Propolisam com abundância, principalmente em regiões úmidas.

Outras raças de abelhas

Na Tabela 3 são citadas outras raças de abelhas Apis mellifera e o seu local de ocorrência.
Tabela 3. Raças de abelhas Apis mellifera e sua distribuição.
Raça
distribuição
Apis mellifera adami
Creta
Apis mellifera andansonii
Costa Oeste da África
Apis mellifera anatolica
Turquia até Oeste do Irã
Apis mellifera armenica
Armênia
Apis mellifera capennsis
Sul da África do Sul
Apis mellifera cecropia
Sul da Grécia
Apis mellifera cypria
Mediterrâneo central e Sudoeste da Europa
Apis mellifera intermissa
Líbia até Marrocos
Apis mellifera jemenetica
Somália, Uganda, Sudão
Apis mellifera lamarckii
Egito, Sudão e Vale do Nilo
Apis mellifera litórea
Costa Leste da África
Apis mellifera macedonica
Norte da Grécia
Apis mellifera major
Marrocos
Apis mellifera meda
Turquia até Oeste do Irã
Apis mellifera nubica
África
Apis mellifera remipes
Região caucasiana
Apis mellifera sahariensis
Argélia
Apis mellifera siciliana
Sicília - Itália
Apis mellifera syriaca
Palestina e Síria
Apis mellifera unicolor
Madagascar
Apis mellifera yementica
Yemen e Oman
Apis mellifera litorea
Costa Leste da África
Apis mellifera monticola
Tanzânia, em altitude entre 1500 e 3100 m

Raças de Abelhas Apis mellifera

O habitat das abelhas Apis mellifera é bastante diversificado e inclui savana, florestas tropicais, deserto, regiões litoraneas e montanhosas. Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando diversas subespécies ou raças de abelhas, com diferentes características e adaptadas às diversas condições ambientais.A diferenciação dessas raças não é um processo fácil, sendo realizado somente por pessoas especializadas, que podem usar medidas morfológicas ou análise de DNA.
Em 2010 o APIÁRIO SANDRINI comemora 3 anos de trabalho. Muito aconteceu nesse tempo. Muito mudou. Algumas coisas porém, continuam iguais: A competência, a seriedade e o respeito com que o BEM na apicultura brasileira e naqueles que a realizam, é tratado. O BEM é a essência viva do homem, assim como de toda a natureza. Se o homem se afasta da sua natureza biológica, ele se afasta do BEM e já não pode entendê-lo como tal. A visão clara, límpida, leva ao BEM, ao natural. A visão embaraçada leva ao engano, à mentira, ao mal. Nossa idéia de mundo é a imagem espelhada de nós mesmos. Animamos a natureza conforme nossos sentimentos, sensações e desejos. O homem que se afasta da sua natureza, precisa inverter o BEM, o justo, o amor verdadeiro para adaptar o natural à sua visão deturpada. Isso talvez explique a destruição dos ecossistemas, a extinção de espécies, a violência, a mentira, o ódio, as guerras. Isso talvez explique porque o homem precisa perverter o BEM na natureza, criando o mal. A perversão da realidade é uma armadilha que tem feito o homem ver o BEM como mal, como algo a ser perseguido e destruído; e o mal como sendo bom, como algo a ser buscado, desejado. A história da humanidade está cheia de exemplos de pessoas que perceberam o engano e advogaram em favor do BEM. Foram assassinados, queimados, envenenados, crucificados, internados. A inversão está por toda parte, ela é como uma peste contagiosa. Ela também pode ser encontrada na apicultura brasileira. Nossa apicultura precisa de mudanças, ela está sedenta pelo BEM. O BEM da apicultura brasileira sofreu um golpe muito duro quando em 1956 chegaram aqui as raças africanas. No cenário que se formou, logo surgiram aqueles que percebendo o perigo que o BEM corria, vieram interceder em seu favor. Nomes como o do gaúcho Bruno Schirmer, pessoa de bom caráter e fibra que muito fez pelo BEM na apicultura brasileira. Infelizmente logo surgiram também aqueles que afastados da sua natureza, vieram justificar o mal, incapazes de enxergar o que realmente acontecia, esses escravos do erro, vieram acomodar a situação às suas visões pervertidas e sem vida. Usaram de todos os meios para justificar e enganar, esconder e defender o mal, sepultar o BEM. E o mal prosperou como praga numa lavoura. Quem pagou o preço alto desta tragédia foi a apicultura brasileira e o pobre apicultor que a mantém. Pessoas simples que trabalham no sol, aprisionados nas suas armaduras apícolas, atacados ferozmente por insetos armados, desiludidos com suas colméias freqüentemente abandonadas, desabitadas ou até felizes com a esmola de suas míseras colheitas. As abelhas de raças européias, mansas, produtivas, o BEM da apicultura, foram julgadas, acusadas e condenadas pelo mal, perseguidas, difamadas e humilhadas, assim como aqueles que ousaram defendê-las. A verdade sobre elas está próxima, basta olharmos nossos vizinhos: Argentina, Canadá, Estados Unidos com suas colheitas até 10 vezes maiores que a média produtiva de muitas regiões brasileiras hoje. Com que abelhas eles realizam suas apiculturas? Com as africanas é que não. O sepultamento do BEM é impossível. Apesar das tentativas contrárias ele sempre surge da essência humana. O BEM é a própria vida. Enquanto houver vida, haverá o BEM, ele é essência dentro de cada ser que se movimenta sobre a Terra. Nestes anos, o APIÁRIO SANDRINI tem o orgulho de percebendo o BEM, estar com ele comprometido. Apesar das investidas, aprendemos a reconhecer o mal e evitá-lo, protegendo o BEM. Temos semeado o BEM, por todos os lugares por onde passamos. As vezes ele cai sobre as pedras, as vezes sobre os espinhos, felizmente também cai sobre a terra fértil e nesses casos pode florescer e resgatar o BEM adormecido nas pessoas. O APIÁRIO SANDRINI é consciente da sua responsabilidade e do valor que possui nosso maior protegido: o BEM. Sabe também das dificuldades a que se dispõe quem resolve carregar o BEM numa terra de inversão. Esperamos poder um dia ver nossos campos povoados por abelhas mansas, produtivas, cultivadas por pessoas unidas às suas verdadeiras essências biológicas naturais. Capazes de distinguir o BEM da perversão e defendê-lo da peste contagiosa.